23.12.05

No post anterior havia dito que nunca recebi nenhum prêmio em salões de humor. Minto! Ou melhor, menti porque a memória me traiu. Mas recentemente vasculhava minha papelada (fico espantado comigo mesmo com a quantidade e antiguidade de rabiscos e anotações que guardo!) e encontrei esboços de um velho cartum que bolara. Lembrei-me, então, que há mais de dez anos, usei-o para me inscrever num tal “Concurso Nacional de Tiras” (não se tratava de um “salão de humor”). Feito por um sindicato de sei-lá-de-quê-de-ilustradores. Cheirava picaretagem... Não seriam expostos os trabalhos premiados, deveria ser paga uma taxa, um valor X, em selos para inscrição (algo que nunca vi nem antes nem depois), só poderia enviar UMA tira, e cinco entre os concorrentes seriam premiados! O prêmio? Era surpresa! Pois resolvi bancar o trouxa, e fiz a piada em forma de tira, comprei o tal valor em selos, e enviei tudo, selos e tira, para o endereço indicado... Inesperadamente para minha alma de vira-lata, recebi depois de algum tempo uma carta do tal sindicato me avisando que tirara o segundo lugar! Uau! O prêmio? Me tornei o feliz proprietário da assinatura de seis meses da... revista do sindicato! Hm... Acho que não os chocarei contando que até hoje não recebi nenhum exemplar da dita cuja. E que nunca recebi de volta a tira original. Mas, voilá! Resolvi, baseado nos esboços, redesenhar o cartum vice-campeão, sobre o encontro anual dos homens invisíveis, não como tira, mas como bolara originalmente, em preto e branco, nu e cru! E postei-o aqui. Clicando em cima dele, será ampliado. Não é meigo?

6.12.05

Sempre considerei que produzir cartuns era sofrimento. Não sei se me entendem, mas eu não como que psicografo meus cartuns, há que se bolar, rebolar e rabiscar idéias e mais idéias, às vezes por horas, por dias até, sem obter sequer um resultado que me agrade... Quando acreditava que tinha alguma coisa, uma boa idéia, não era ainda assim o bastante. Precisava submeter ao Ota para que ele as aprovasse, e, enfim, eu desenhava as artes finais e eram publicadas na Mad. Mas e as outras que eu considerara boas, não eram de fato? Algumas eu ousei enviar a alguns salões de humor espalhados por aí, não custava nada, já tinha tido o trabalho de produzi-las e tal... Não sou exatamente uma pessoa que se possa considerar confiante, sou inseguro quanto ao meu trabalho, ainda por cima quando mostro a outras pessoas e elas não gostam. Mas não é que tive alguns desses trabalhos recusados que foram selecionados para alguns salões? Claro, nunca ganhei nenhum prêmio, nem mesmo uma mençãozinha honrosa, foram apenas agradáveis surpresas! Por exemplo, esta aqui que entrou na exposição da Primeira Bienal de Quadrinhos do Rio de Janeiro, nem me lembro em qual ano:

Os originais nunca me devolveram, mas a idéia continuou fresca na minha mente claudicante e pude redesenha-la. Mas outras piadas, miseravelmente, não foram aproveitadas em outros salões! Ó vida! Ó dia! Ó azar! Ó dúvida cruel! O que fazer para o jantar?